sótão
- malu
- 14 de dez. de 2020
- 1 min de leitura

- por maria alice bragança -
Poderia assobiar sempre que passasses.
Não sei. Não aprendi.
Estão cerzidos, na barra da minha saia,
os temores de minhas bisavós.
Queria sussurrar-te muitas noites de amor.
Não posso. Vela minha voz
o silêncio da espera
na sacada noturna de meus príncipes.
Guarda este baú, vazio, de enxoval,
a menina que repete em seus passos
o andar eterno de todas as mulheres.
Do livro “Cartas que não escrevi”, editora Casa Verde, 2019.
Foto © Malu Baumgarten, 2020
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