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servidão

- por heliene rosa -



Servidão

O sorriso é servido ao jantar

Ao senhor e à senhora

É preciso agradar.


Mas, o branco do marfim

Acorda sentimentos ambíguos

Olhos de desejo,

Por outros de ódio perscrutados.

Na madrugada, altas horas

Sombras escondem lágrimas

E sangue derramado.

Em algum canto,

Sonhos de amor roubados

E soluços, silenciados.

Em duplo suplício,

O ódio cobra seu tributo:

Níveos dentes quebrados

Ao som de gritos abafados.

Satisfeitas a luxúria e a maldade

Novos corruptos enredos,

Engendrados sem piedade.

E a dança dos séculos,

Sofistica a crueldade:

Exploração naturalizada...

Dor e revolta em vão

Indagação indignada.

Como arrancar do poema

Esse refrão?


foto: bebê baumgarten

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