- por malu baumgarten -
I
O mundo é tão vasto,
uma vez eu me perdi na curva
do Rio Siriú, sobre
a grama pintada por olhos
de sol, o escuro calmo
das sombras. Aparte, mas não longe,
o milagre das dunas, Areias
de Macacu, fenomenal, gigantesco, aterrorizante
nas tardes de tempestade, a vegetação esparsa
batida pelo vento nordestão. Pássaros
fazem ninho naquela areia, lagartos
se arrastam por lá, a poeira colore a todos.
II
A Praia do Siriú não é tão longa, cinco mil metros
de areia, mas o Siriú é um
mundo singular, turistas escassos,
poucas construções, o mar grandioso e verde.
A areia é larga, macia no cimo da encosta,
dura onde o mar a lambe morena, brilhantes
e minúsculas partículas de concha.
III
Antes do sol nascer no Siriú, as águas são
prateadas, o céu de um azul pálido. Ondas
tamborilam preguiçosas na praia, e longe,
muito longe, uma silhueta humana, um
pescador em meio à névoa. Na subida lenta
do sol a água se pinta de ouro, fogos cintilam,
ascendem, voam peixes, monstros,
nuvens que se espalham em fiapos,
bolas de algodão, cortinas de palco
para um dia quente. Na areia,
quero-queros em voo raso protegem secretos
ninhos.
*do livro A poesia da hora braba/ Selo Invencionática - Editora Bestiário
*desenho de Elisabeth Baumgarten / Garopaba, 2023
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