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agruras


- por cátia simon -


diante do inevitável,

estremeço

peço clemência

e que se adie

o inexorável


prefiro as agruras

experimentadas


já me revirei em avessos

forjada em ranhuras


das vezes em que fui vaso

e me quiseram flor

das vezes em que fui bicho

e me quiseram domESTICADA

das vezes em que fui vendaval

destelhando a esmo

das vezes em que fui maremoto

escavando tralhas escondidas

das vezes em que fui pasto

e se saciaram de mim

das vezes em que fui cheiro forte,

esgoto de coisas mal-guardadas


essas agruras

pego firme pelas crinas

e a derradeira

que ziguezagueie,

em passos inaudíveis


poema de ©Cátia Simon

fotografia de ©Malu Baumgarten

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