- por ligia savio -
De organdi e de organza
já te vestiram.
De tafetás de outrora
trancelins e fitas
sedas e brocados
também te cobriram.
De musselinas claras
das cambraias mais frescas
te cercaram a vida.
Agora és tu quem perfura
o pano, a tela, o tecido
e ainda tentas colocar
alguma renda
sianinhas
sutaches
e linhas da cor do tempo
na veste que se faz no dia a dia.
Completaste o vestido?
Deste os remates precisos?
Costuraste o possível.
E na túnica de estopa - escolha tua -
estás iluminada à luz da lua.

poema ©Ligia Savio
imagem ©Malu Baumgarten
Voltei à primeira infância, quando brincava só de calcinha bufante no quintal de nossas casas. À tarde, antes do lanche, banho, e então tecidos engomados, cheios de laços e babados pra sentar na porta da frente e conversar com os meninos. Aqueles mesmos que passamos trepando em árvores. Agora cheirosos e emprumados...