vestido
- por ligia savio -
De organdi e de organza
já te vestiram.
De tafetás de outrora
trancelins e fitas
sedas e brocados
também te cobriram.
De musselinas claras
das cambraias mais frescas
te cercaram a vida.
Agora és tu quem perfura
o pano, a tela, o tecido
e ainda tentas colocar
alguma renda
sianinhas
sutaches
e linhas da cor do tempo
na veste que se faz no dia a dia.
Completaste o vestido?
Deste os remates precisos?
Costuraste o possível.
E na túnica de estopa - escolha tua -
estás iluminada à luz da lua.

poema ©Ligia Savio
imagem ©Malu Baumgarten